Eles estão chegando, e os sinais estão por toda a parte: a brisa cada vez mais morna, os minutos de sol que aumentam a cada dia, as pequenas folhas e as flores, muitas flores, das cerejeiras e magnólias. Ah, os beaux jours! Esses belos dias que chegam com a primavera e suas temperaturas amenas. É o momento mais esperado do ano, sobretudo após um longo inverno abaixo de chuva. Em Paris, é a estação dos cafés nos terraços, dos piqueniques nos parques e dos passeios nos jardins. Tempos para se aproveitar ao máximo. E para começar, vamos até a Fundação Louis Vuitton, que apresenta a retrospectiva de um gigante da pintura contemporânea.
No programa
A arte no registro do sublime
Um navio no Bois de Boulogne
Como visitar um museu
✨ Os reclames do plim-plim ✨
Ele está quase saindo do forno: o guia Traindo a Monalisa: seis (outras) pepitas do museu do Louvre.
Para quem? Para quem vai visitar o maior museu do mundo e se pergunta o que ele tem além da Gioconda. Mas também para quem ama história da arte e quer saber mais sobre as obras desse acervo monumental.
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🟧 A arte no registro do sublime
Esta é uma das últimas exposições de outono que ainda estão abertas: a imensa retrospectiva dedicada a Mark Rothko, peso pesado do expressionismo abstrato.
Expressionismo abstrato?
Sim. Você certamente conhece esse movimento, que agitou as vanguardas de Nova Iorque nos anos 1950, através de Jackson Pollock e suas drip paintings. Mas Mark Rothko é um de seus outros principais expoentes.
Assim como o seu “irmão mais velho” figurativo alemão, o expressionismo abstrato buscava exprimir as emoções humanas através da abstração. O próprio Rothko dizia: “Eu me interesso pela expressão das emoções humanas fundamentais.” E como ele fazia isso? Através de color field paintings — pinturas de campos de cor.
Campos de cores magnéticos
À primeira vista, seus quadros podem parecer apenas retângulos coloridos sobre telas, mas eles são muito mais do que isso. Cada uma dessas faixas vibrantes, cercadas por uma espécie de halo cintilante e irregular, têm uma profundidade específica. As inúmeras camadas de tinta produzem efeitos óticos, como portais que nos embarcam para dentro dos campos de cor.
“A pintura tem que olhar nos seus olhos e você tem que olhar nos olhos dela”, sugeria Rothko. Sem intermediários, uma pura abstração de sensações.
Experiência sagrada ou profana? Os dois, segundo o artista. Não à toa, um de seus últimos projetos foi justamente a Rothko Chapel, no Texas, uma capela ecumênica imaginada para a introspecção profunda através da arte.
Contemplar uma obra de Mark Rothko é uma vivência íntima, que demanda tempo para deixar-se embarcar na viagem. E é exatamente em uma viagem para o coração da pintura que a exposição nos leva.
Nesta retrospectiva, é possível acompanhar o percurso artístico de Mark Rothko, desde os trabalhos figurativos que retratavam a Nova Iorque que ele tanto detestava, passando por obras surrealistas e pelos primeiros estudos de abstração. A exposição começa no subsolo e cada nova etapa acontece um andar superior, até chegar às últimas salas no alto do prédio — e no ápice de sua técnica. Uma verdadeira subida das sombras à luz, dos primeiros passos de um artista que busca o seu caminho até o auge de sua arte, em grandes obras magnéticas que parecem iluminadas do lado de dentro. Uma jornada iniciática, profunda e emocionante.
“Eu não me interesso pelas cores. O que eu procuro é a luz.”
Mark Rothko
Mark Rothko
Fondation Louis Vuitton
Até 02/04
16€
www.fondationlouisvuitton.fr
🚢 Um navio no Bois de Boulogne
Se não chegar a tempo para vivenciar a experiência Mark Rothko, você ainda sim pode admirar a obra-prima arquitetônica que é a Fundação Louis Vuitton. Inaugurada em 2014 pela marca de luxo pilotada por Bernard Arnault (atualmente a pessoa mais rica do planeta), ela recebe grandes exposições de arte contemporânea. Por lá já passaram Jean-Michel Basquiat, Egon Schiele, Claude Monet, Joan Mitchel, Simon Hantai, Charlotte Perriand e outras importantes exposições coletivas.
Projetado por ninguém menos do que Frank Gehry, o prédio se destaca em meio ao parque, tal um imenso barco a velas navegando sobre a vegetação. As camadas que compõem o telhado ganham uma luminosidade e uma tonalidade particulares de acordo com o clima. Uma cachoeira de declive suave leva até o espelho d’água no subsolo. Lá embaixo, uma instalação de Olafour Eliasson composta por espelhos e painéis luminosos dispostos em diferentes ângulos e distâncias brincam com a percepção. Já nos andares mais elevados, é possível admirar a perspectiva do parque graças às paredes de vidro que compõem o edifício, assim como a impressionante estrutura de madeira que sustenta a cobertura transparente.
Ao redor, o Jardin d’Acclimatation é um agradável passeio, acessível gratuitamente para os visitantes da instituição. Embora o acesso em transporte público não seja dos mais simples, é um lugar que realmente vale visitar caso você queira respirar um ar mais puro e aproveitar um ambiente mais calmo do que dentro de Paris. Perfeito para esta primavera. 🌸
Spoiler. Se você vier a partir de maio, já vá se programando: a próxima exposição será dupla, com Henri Matisse e Ellsworth Kelly. Cores à vista!
Fondation Louis Vuitton
8, Avenue du Mahatma Gandhi, Bois de Boulogne, 75116 Paris
€16
www.fondationlouisvuitton.fr
Boas maneiras em Paris — seu guia definitivo
Como visitar um museu 🖼️
“Que assunto é esse, Paris Arty? No museu é só chegar e olhar os quadros. Não vai me dizer que tem etiqueta aí também.”
O pior é que tem! E hoje vamos falar de duas delas.
Em primeiro lugar, as fotos. Antes de tirar o seu telefone do bolso e registrar as obras de que você mais gostou, convém observar ao redor para ver se outras pessoas também estão fazendo isso. Caso não, é possível que seja proibido fotografar. Às vezes é por questões de conservação de obras que não aceitam muita luminosidade, mas na maioria dos casos é mesmo por conta dos direitos autorais. Para evitar levar uma bronca dos guardiões do museu, melhor verificar antes de clicar!
Outro ponto, desta vez extremamente discreto. Quando você for circular nas salas do museu, observe as pessoas ao redor. Se houver alguém parado, contemplando uma obra, ao invés de passar pela frente dessa pessoa, que tal ir por trás? Assim, ela pode continuar seu processo de fruição, e você continua a sua visita normalmente. “Você não está exagerando?” Experimente então atravessar na frente de um parisiense que admira uma pintura. Ele não deixará de demonstrar sua contrariedade! Nem sempre isso é possível, sobretudo nos museus mais frequentados, mas quando houver a oportunidade, vale esse pequeno gesto de insider!
Obrigado por ler Paris Arty! Quer você nos acompanhe desde o início ou tenha acabado de chegar, é um prazer ter você conosco ⭐️
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