Se é verdade que por trás de cada grande homem se esconde uma grande mulher, no caso de Henri Matisse essa “figura das sombras” é bastante singular — e nem tão à sombra assim! Embora sua esposa tenha dado ao artista o suporte doméstico necessário, quem sempre esteve ao seu lado, como figura de apoio incondicional, foi sua filha: Marguerite, a primogênita e queridinha do papai. Aproveitando o embalo da exposição que abriu as portas no Museu de Arte Moderna de Paris, hoje vamos saber um pouco mais sobre essa história e entender por que, afinal, Matisse foi um paizão.
No programa:
Matisse, aquele paizão
Marguerite em 5 fatos
3 retratos em face à face
Confiture parisienne (e uma surpresa)
🦉 Matisse, aquele paizão
Vamos começar com algumas fofocas!
— Sabe o Matisse?
— O pintor?
— Sim! Sabia que ele teve uma filha e não se casou com a mãe?
— Sério?
— Sério! Três anos depois eles se separaram e ele casou com uma outra mulher.
— E a menina? Aposto que ficou com a mãe, né?
— Que nada! Ela tinha problemas de saúde e, para cuidar de perto, ele ficou com a guarda da filha. E tem mais! A nova esposa adotou a menina como se fosse sua própria filha. Elas se amavam de verdade.
— Nossa! Bem raro isso naquele tempo, né?
E foi assim que Marguerite virou a companhia mais fiel de seu pai. Por conta de sua saúde frágil, ela não podia frequentar a escola e passava os dias no ateliê. Matisse, que de certa forma se especializou na pintura do ambiente doméstico, encontrou na figura da filha uma modelo e um tema privilegiados.
Marguerite e Henri Matisse ao lado de "Conversation sous les oliviers", Nice, 1921 / Henri, Amélie e Marguerite Matisse em Collioure, 1907
🙋♀️ Marguerite, sempre presente
Foram dezenas e dezenas de retratos de Marguerite (aclamados pela nata da modernidade, como os irmãos Stein e Pablo Picasso). Marguerite de chapéu, Marguerite dormindo, Marguerite no jardim com a mãe, Marguerite lendo, Marguerite com um gato no colo, Marguerite criança, Marguerite adulta… Desenho, pintura, escultura… Em Paris, em Collioure, em Nice, em Étretat… Matisse e Marguerite eram inseparáveis.
Durante as longas viagens de Matisse, Marguerite ficava encarregada da casa e dos irmãos mais novos, Jean e Pierre. Quando Matisse, divorciado, adoece nos anos 1940, é ela quem permanece ao seu lado. Ao se envolver com a Resistência Francesa, Marguerite deixa o pai angustiado e sem notícias, até o reencontro. Essa verdadeira parceria de vida duraria até o último sopro do mestre do Fauvismo, em 1954.
🌼 Marguerite em 5 fatos
1) Uma criança da vanguarda
Os problemas de saúde de Marguerite tiveram algumas consequências, dentre elas a necessidade de passar longos períodos reclusa em casa. Foi assim que ela acompanhou de perto a evolução e os desdobramentos da obra de seu pai. Aliás, entrar no ateliê de Matisse era um privilégio raro, reservado a pouquíssimos. Nem mesmo os familiares tinham essa liberdade, mas Marguerite tinha acesso livre. André Lhote, Albert Marquet, Picasso… Ela frequentou a nata da pintura moderna e foi a testemunha discreta do nascimento do Fauvismo.
2) Um lenço no pescoço
Marguerite Matisse em Issy-les-Moulineaux, 1915
Marguerite, influenciadora de estilo? Não exatamente… Embora ela fosse apaixonada por moda e o lencinho no pescoço realmente acrescentasse um quê à sua imagem, as razões para o uso desse acessório eram bem outras. O problema de saúde que mencionamos anteriormente era uma traqueíte que lhe causava dificuldades respiratórias. Aos 7 anos, ela passou por uma cirurgia que deixou uma grande cicatriz no pescoço. Foi para escondê-la que adotou o seu característico lenço de veludo preto.
3) Ela também foi pintora
Filho de peixe… Peixinho tenta ser! Mas como em muitos casos semelhantes, a pintora que se escondia em Marguerite não conseguiu superar o peso da figura paterna. Ela chegou a expor em salões da vanguarda ao lado de grandes nomes e recebeu boas críticas por seu trabalho, mas, em um dado momento, decidiu interromper a prática. “De artista, basta um na família”, afirmou ela.
Durante a guerra, Matisse e Marguerite levaram vidas separadas. Ele, absorto em seu trabalho, em Nice, e ela em Paris, onde se tornou uma militante ativa. Imersa desde a infância em um universo de artistas engajados, Marguerite se juntou à Resistência Francesa em 1943, sendo presa pela Gestapo em abril de 1944. Torturada e interrogada sem jamais delatar ninguém, ela embarcou em um trem com destino aos campos de concentração. Milagrosamente, foi libertada em Belfort com alguns outros, enquanto o comboio seguia para a Alemanha. Seu pai foi ao seu encontro em Vence poucos dias depois.
5) A serviço do trabalho paterno
Em Paris, onde morava com o marido, Georges Duthuit, Marguerite foi a principal intermediária de Matisse nas décadas de 1920 e 1930. Além de supervisionar exposições e retrospectivas, ela era uma especialista intransigente quanto à qualidade das impressões litográficas. Ao final da vida, até seu último dia, Marguerite se dedicou a concluir o catálogo raisonné da obra gravada de Matisse.
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Confiture parisienne (e uma surpresa)
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